O luto, de modo geral, é a reação
à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de
um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por
diante. – Sigmund Freud
Krzysztof
Kieslowski, em A Liberdade é Azul, traduz na tela o conflito entre
liberdade e sofrimento. No filme, pertencente à sua brilhante Trilogia das
Cores, o cineasta polonês narra a história da modelo Julie Vignon (Juliette Binoche) e sua busca
incessante de desligar-se do seu passado trágico.
Após perder
seu marido, um famoso compositor, e sua filha em um acidente de carro, Julie vê
como única saída para diminuir seu sofrimento a abdicação de tudo aquilo capaz
de retomá-la ao passado. Não apenas seus bens materiais, mas também seus ciclos
de convivência. O único elo entre passado e presente não eliminado por Julie é
o lustre de cristais azuis pertencente ao antigo quarto de sua filha.
Entretanto, todas essas tentativas a fim de quebrar seu vínculo com o passado,
apenas serviriam para maximizar sua tristeza, seu luto. Após um bom tempo de
reflexão, Julie percebe que para diminuir seu sofrimento não deveria
desligar-se de suas lembranças e do mundo, mas sim prender-se a algo. Com isso,
volta todas as suas atenções para terminar a obra inacabada de seu marido, e
também reestabelece o contato com amigos e parentes.
Juliette Binoche vive a modelo Julie Vignon |
Sutil,
sensível, poético. “A Liberdade é Azul” se destaca em vários aspectos, sendo um
deles atuação brilhante de Juliette Binoche, que transpassa toda dor e angústia
de sua personagem; como no cena em que acaricia a tela da televisão ao assistir
o funeral de seu marido e de sua filha, ou provoca ferimentos em sua mão ao
passar próximo de um muro de pedras com o intuito de diminuir parte de seu
sofrimento. Vale ressaltar também a inteligente combinação da tela preta com os
acordes furiosos da música clássica – que abrilhanta o filme – nos momentos em
que Julie relembra o passado.
A Liberdade é
Azul é o primeiro filme da renomada Trilogia das Cores, que conta também com
A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha (super recomendados!). Tal
trilogia fora baseada nas cores da bandeira da França e nos três ideais que
compõem o lema da Revolução Francesa, onde cada filme apresenta as
consequências da aplicação de cada um desses ideais. Ambos são sentimentos
positivos, porém percebemos que a liberdade em A Liberdade é Azul – assim como
os respectivos ideais apresentados nos dois filmes seguintes – trouxe uma
carga repleta de dor à vida de Julie Vignon, onde a única saída encontrada por
ela fora, de fato, a abdicação da mesma.
Trilogia das Cores: A Liberdade é Azul
Título original: Trois Couleurs: Bleu
Direção: Krzysztof Kieslowski
Ano de lançamento: 1993 (França)
País: França/Polônia/Suíça
Galera, espero que vocês tenham gostado da minha primeira publicação! Lembrem-se de se inscrever aqui no blog, assim vocês poderão receber todas as nossas atualizações. Um super beijo e até a próxima =)
Adoreeei! Fiquei com vontade de ver esse filme! Parabens, to adorando o blog :))
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirÉ um filme ótimo, recomendo demais ;D
ExcluirObrigada pelo carinho! Um beijão :*
Camila, minha professora de cinema citou muito esses filmes durante o semestre e agora com a sua resenha fiquei suuuper a fim de vê-los! Parece tão lindos! E são franceses *-* (amo filmes franceses). Parabéns pela resenha, muito boa!
ResponderExcluirLove, Nina.
http://ninaeuma.blogspot.com/
Oi, Nina! Muito obrigada pelo seu comentário :D
ExcluirA trilogia das cores é belíssima, muito delicada. Fico feliz em saber que você gostou da resenha e se interessou pelo filme!
Um grande abraço!