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Crítica: A Liberdade é Azul (1993)



O luto, de modo geral, é a reação à perda de um ente querido, à perda de alguma abstração que ocupou o lugar de um ente querido, como o país, a liberdade ou o ideal de alguém, e assim por diante. – Sigmund Freud

Krzysztof Kieslowski, em A Liberdade é Azul, traduz na tela o conflito entre liberdade e sofrimento. No filme, pertencente à sua brilhante Trilogia das Cores, o cineasta polonês narra a história da modelo Julie Vignon (Juliette Binoche) e sua busca incessante de desligar-se do seu passado trágico.

Após perder seu marido, um famoso compositor, e sua filha em um acidente de carro, Julie vê como única saída para diminuir seu sofrimento a abdicação de tudo aquilo capaz de retomá-la ao passado. Não apenas seus bens materiais, mas também seus ciclos de convivência. O único elo entre passado e presente não eliminado por Julie é o lustre de cristais azuis pertencente ao antigo quarto de sua filha. Entretanto, todas essas tentativas a fim de quebrar seu vínculo com o passado, apenas serviriam para maximizar sua tristeza, seu luto. Após um bom tempo de reflexão, Julie percebe que para diminuir seu sofrimento não deveria desligar-se de suas lembranças e do mundo, mas sim prender-se a algo. Com isso, volta todas as suas atenções para terminar a obra inacabada de seu marido, e também reestabelece o contato com amigos e parentes.



Juliette Binoche vive a modelo Julie Vignon 


Sutil, sensível, poético. “A Liberdade é Azul” se destaca em vários aspectos, sendo um deles atuação brilhante de Juliette Binoche, que transpassa toda dor e angústia de sua personagem; como no cena em que acaricia a tela da televisão ao assistir o funeral de seu marido e de sua filha, ou provoca ferimentos em sua mão ao passar próximo de um muro de pedras com o intuito de diminuir parte de seu sofrimento. Vale ressaltar também a inteligente combinação da tela preta com os acordes furiosos da música clássica – que abrilhanta o filme – nos momentos em que Julie relembra o passado.

A Liberdade é Azul é o primeiro filme da renomada Trilogia das Cores, que conta também com A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha (super recomendados!). Tal trilogia fora baseada nas cores da bandeira da França e nos três ideais que compõem o lema da Revolução Francesa, onde cada filme apresenta as consequências da aplicação de cada um desses ideais. Ambos são sentimentos positivos, porém percebemos que a liberdade em A Liberdade é Azul – assim como os respectivos ideais apresentados nos dois filmes seguintes – trouxe uma carga repleta de dor à vida de Julie Vignon, onde a única saída encontrada por ela fora, de fato, a abdicação da mesma. 


Trilogia das Cores: A Liberdade é Azul
Título original: Trois Couleurs: Bleu 
Direção: Krzysztof Kieslowski
Ano de lançamento: 1993 (França)
País: França/Polônia/Suíça 


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5 comentários :

  1. Adoreeei! Fiquei com vontade de ver esse filme! Parabens, to adorando o blog :))

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. É um filme ótimo, recomendo demais ;D
      Obrigada pelo carinho! Um beijão :*

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  2. Camila, minha professora de cinema citou muito esses filmes durante o semestre e agora com a sua resenha fiquei suuuper a fim de vê-los! Parece tão lindos! E são franceses *-* (amo filmes franceses). Parabéns pela resenha, muito boa!

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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    1. Oi, Nina! Muito obrigada pelo seu comentário :D
      A trilogia das cores é belíssima, muito delicada. Fico feliz em saber que você gostou da resenha e se interessou pelo filme!

      Um grande abraço!

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