Caros leitores,
Hoje venho propor
um desafio para vocês, o mesmo do título da postagem, repensar a fantasia do
País das Maravilhas vivido por Alice, no conto de Lewis Carroll. Repensem-no da
maneira mais sombriamente insana que puderem; e vos oriento a não terem
inibições. Sem pudores, sem vergonhas, sem restrições, deixem-se levar pela
imaginação e criem o que puderem de mais obscuro dentro daquela maluquice de
Carroll. Pois bem, assim estarão se aproximando da realidade criada por A. G.
Howard, escrita no livro 'O Lado Mais Sombrio', o primeiro de uma trilogia
Splintered lançada em 2014 pela editora Novo Conceito.
O livro tem uma temática fantástica muito
interessante: Ele dá continuidade ao conto da nossa querida Alice. Como sabem,
Alice era real. Ela viveu, de fato. Foi uma inglesa, uma criança quando Carroll
escreveu a primeira edição do conto, e acredito como muitos que leram o conto
[digo, eu] tiveram a curiosidade de pesquisar as origens dele e afins, pois
então, Howard faz tudo isso, explica o que foi o País das Maravilhas, e dá uma
linhagem a Alice, de filhos e netos até a tataraneta que é nossa personagem
principal, Alyssa.
A. G. Howard, a autora. |
" - Agora, me escute, Alyssa
Victoria Gardner. Normal é algo subjetivo. Nunca deixe que ninguém lhe diga que
não é normal. Porque pra mim você é. E a minha opinião é que vale.
Entendeu?"
Como sugere esta linda citação do livro, Alyssa não era socialmente normal, ela herdou a insanidade da família Liddell, ela ouve insetos e plantas, e esse é só o começo da maldição. Maldição esta adquirida por Alice ao sair do País das Maravilhas após perder o julgamento na corte vermelha. Lembram-se do conto de Carroll? Pois bem.
A mãe de Al,
Alysson, padece à loucura da maldição e é internada em uma clínica psiquiátrica,
algo normal para a família, já que todas as descentes desde Alice foram para
alguma clínica em alguma etapa da vida, atormentadas por delírios referentes ou
similares ao conto fantástico. Entretanto, Alyssa vai contra tudo isso, e
encara a maldição. Ela volta ao País das Maravilhas para limpar o nome de sua
Família e solucionar o mistério da maldição, assim ela esperava.
As três artes de capas da trilogia, na sequencia: Terceira, primeira e segunda. |
Porém, não é
assim tão fácil. "Vou ali rapidinho no País das Maravilhas, conversar com
o pessoal e pedir para desfazerem essa macumba" Definitivamente não! O
País que Alyssa encontra não é o qual lia no conto da sua infância. O que ela
se depara é com uma insanidade obscura. Ao primeiro olhar, um pesadelo, o
terror em sua face mais insana. Alyssa descobre que o que leu era só a maneira
como a pequena Alice que adentrou a toca do coelho via seu entorno, como sua
mente infantil e incapaz distorceu a realidade para que sobrevivesse a ela,
transformando e amenizando todos os detalhes grotescos e assustadores em apenas
loucuras e devaneios fantasiosos.
" Pelo menos algo de bom aconteceu
por causa da minha insanidade hereditária. Sem as alucinações, eu provavelmente
nunca teria encontrado um modo de me expressar artisticamente."
Li e me interessei pela escrita de Howard por isso, pela proposta de continuar o meu conto infantil preferido, e me surpreendi com uma mente criativa tão potente quanto a de Carroll, com uma proposta inovadora de transformar aquele lindo ensaio sobre a loucura em um sonho de loucura que exprimisse o seu espanto, o seu terror, onde a loucura é palavra de ordem. O livro escorre sua essência de fantasia, e é incrivelmente detalhado e seria perfeito para ser adaptado para as telonas, com seu enredo intrigante, a estratégia de jogo e malícia contada, e manipulação dos personagens... Tornam prazerosa a leitura, e Howard consegue mesclar todos os elementos necessários para uma boa leitura de fantasia (e para um bom filme) ao acre do sombrio, dando vida ao lado mais sombrio do País das Maravilhas, nunca imaginado por muitos, e nesse muitos incluo também a mim mesmo.
Olá Thiago, gostei bastante da proposta dessa trilogia..Normalmente o próprio conto de Alice no país das maravilhas já é algo suficiente para que viajemos em um mundo maluco, imagina ler Alice com uma proposta dessas! A autora foi muito criativa, é um prato cheio para quem gosta da história de Alice. Não conheço nada sobre a autora, mas esses livros me chamaram atenção.
ResponderExcluirBeijos!