Título: Louca para casar
Autor (a): Madeleine Wickham
Editora: Record
Sinopse: Milly
está a quatro dias de um casamento digno de contos de fada com Simon, um jovem
rico por quem é perdidamente apaixonada. É a cerimônia mais aguardada do ano
pela alta sociedade, mas um detalhe pode pôr tudo a perder. Dez anos antes,
Milly se casou com um amigo americano gay para que ele vivesse na Inglaterra
com o parceiro, mas logo ambos perderam o contato e nunca se divorciaram. Tudo
permaneceria em segredo se não fosse a chegada de Alexander, o fotógrafo, que
por acaso também presenciou a primeira união. Agora ela terá que correr contra
o tempo para encontrar o “marido” e obter o divórcio antes que todos descubram
que a noiva, na verdade, já é casada.
Como começar? Essa foi uma leitura cheia
de contradições. Eu sempre tento ser o mais sincera que posso nas resenhas que
eu faço, então farei o mesmo com essa. Não achei “Louca para casar” um livro
ótimo de início. Na verdade, a princípio me frustrei com o ritmo que achei
lento demais e com a personagem principal que me pareceu meio avoada e sem
personalidade.
Como todos sabem, eu acho, Madeleine
Wickham é um pseudônimo da autora Sophie Kinsella. Mas eu sinto como se fossem
duas autoras completamente diferentes. Sophie Kinsella me diverte e eu morro de
rir com seu senso de humor e situações as quais ela submete seus personagens.
Madeleine Wickham tem um ritmo mais lento, porém com uma profundidade que me
surpreendeu. E até me emocionou em algumas partes.
Agora o que mudou no decorrer do livro?
Temos como personagens principais Milly e Simon. Os dois parecem o típico casal
fofinho que se ama e se dão super bem. Por fora, aparentemente perfeito. Só que
Milly não é tão intelectual quanto ela aparenta ou tão sofisticada. Ela gosta
de novelas. Ela gosta de ficar a vontade em casa, usar meias velhas e jeans.
Mas para Simon ela sempre se esforça em ser mais do que realmente é. Nem sempre
ele sabe como ela realmente se sente ou a conhece tão bem quanto imagina, mas
até aí todo casal tem um pouco disso de querer ser melhor na frente do outro,
como se esses pequenos defeitos fossem minar qualquer sentimento que nutrisse
um pelo outro, afinal, o amor frequentemente vem acompanhado do medo da perda.
Mas essas não foram as únicas coisas que Milly escondeu. Ela também escondeu
que se casou há dez anos, com um amigo gay (Allan) que ela conheceu na
faculdade para que ele pudesse conseguir um visto e ficar com o amor da vida
dele. E ela nunca se preocupou em verificar se os tramites do divórcio foram
realmente finalizados. Ou seja, para todos os efeitos, Milly já é casada.
Assim como Milly tem os seus defeitos,
Simon tem os dele. Ele guarda uma mágoa profunda do pai, que abandonou a sua
mãe e a ele quando ainda era pequeno e passou anos ignorando a sua existência.
Até que aos dezoito anos, quando sua mãe faleceu, seu pai apareceu no hospital e repentinamente, começou a tentar agir como um pai. Só que depois de anos guardando rancor,
Simon não conseguiu perdoar e em tudo o que faz, ele tenta ser melhor que seu pai.
Inclusive em seu casamento, talvez principalmente, em seu casamento.
Mas apesar dessas “pequenas coisinhas” é
nítido o sentimento deles um pelo outro. Eles são fofos. Ela sabe como o
distrair quando ele está irritado. Ele sabe como fazer com que ela se sinta querida, necessária na vida dele.
Em contrapartida estão Allan e Ruppert.
Eles se amam muito. É aquele tipo de casal que tem sincronia em tudo o que
fazem. Eles quebraram meu coração. Mas eu não vou dar detalhes (leiam!).
Em meio a toda a correria do casamento, os pais de Milly ficam ainda mais distantes e o casamento deles vai de mal a pior. A mãe, um tanto quanto muito superficial,
tenta fingir que não há problema algum e se joga de cabeça nos preparativos do
casamento, orgulhosa porque agora a filha fará parte da alta sociedade. Isobel,
irmã de Milly, descobre que está grávida e se sente completamente perdida. E
agora o fotógrafo que fará as fotos do casamento reconhece Milly de dez anos
atrás e começa a ameaçar contar que Milly já é casada.
Agora Milly terá que correr para encontrar
Allan, que ela não vê praticamente desde o dia do casamento, para se certificar de
que está realmente divorciada. Isobel terá que decidir se realmente quer ter a
criança ou se fará um aborto. Simon tem que superar essa competitividade
absurda, beirando a obsessão, de superar o pai. E Ruppert terá que encarar o
passado para ajudar Milly, por mais que não queira ele deve isso a ela, mas isso poderá lhe custar toda a vida que construiu para si e terá que enfrentar um passado que ele pensava já ter deixado para trás.
Essa história começou com uma mulher um
pouco tonta, um pouco ingênua, com uma história do passado mal resolvida que
volta para lhe assombrar e um homem perdido que tem tanta necessidade de
afeto paterno que faz de tudo para demonstrar justamente o contrário e que não tem
consciência de que precisa superar esses ressentimentos se realmente não quiser
cometer os mesmos erros que aquele a quem tanto despreza, cometeu há anos
atrás. Essa história se tornou uma história sobre amor, arrependimento, perdão
e recomeços. Porque não importa o quanto você tente deixar algo inacabado para
trás, o quanto você repita uma e outra vez que aquilo já passou e não faz mais parte da sua vida, uma hora isso voltará quando você menos esperar.